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terça-feira, 28 de julho de 2015

AUTOR PORTUGUÊS LANÇA LIVROS EM ILHÉUS





Os livros "O Grande Banquete, a transformação e o templo" e "O Grande Banquete, viagens à nossa volta", do autor português Ricardo Ferreira, vão ser lançados no próximo dia 7 de Agosto, na Academia de Letras de Ilhéus, numa noite de exaltação a lusofonia e a união de Brasil, Portugal e Angola.

O trajeto de Ricardo Ferreira começa em Angola, na província de Benguela, onde nasceu, consolida-se em Portugal e chega ao Brasil, mais precisamente por Ilhéus. Unindo tudo com o fio condutor da lusofonia, o autor absorve, como sujeito, as experiências nesses três continentes como um elo entre os três países irmãos e de mesma língua materna.


Ainda hoje, Ricardo se divide vivendo um pouco em cada um deles. Resolveu expressar os seus sentimentos e registrar as experiências vividas, através da literatura. Assim, surge o primeiro livro, no qual a leitura desliza por uma narrativa espontânea, para em seguida, no segundo livro, o autor, mais amadurecido em sua escrita e pensamento, desenvolver tramas do passado e do presente e colocar o leitor em uma narrativa que aponta uma viagem sedutora pelas culturas de Angola, Portugal e Brasil, países que o ajudaram na consciência cidadã, deixando-o também às voltas com as questões da lusofonia, que permeiam a vida do personagem, João Antônio e do próprio autor, Ricardo Ferreira.

São dois romances, onde a ficção e a realidade se encontram, onde é impossível parar de ler. Os livros  de Ricrdo Ferreira vem referendados por ilustrações do artista plástico Bel Borba e prefácio do Professor Edivaldo Boaventura.

segunda-feira, 27 de julho de 2015



ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS
PERDE A POETISA JANETE BADARÓ



A Academia de Letras de Ilhéus perdeu nesta manhã de sábado a confreira Janete Badaró, que completou 80 anos de idade no último dia 16 de julho. Era autora, entre outros, do livro de poemas “Máscaras em Procissão”.  Contribuiu muito para as artes e cultura ilheense.

 As palavras que posso dizer são de puro amor e saudade! A vida dela fez valer! Nossa querida poeta! Vá em paz mãezinha. Que o manto de Maria lhe cubra de luz e Deus abençoe está sua viagem!” Comentou sua filha, Jane Hilda, artista plástica e advogada.

O velório aconteceu no SAF de  Ilhéus, na  avenida Itabuna, e o enterro foi no domingo, às 9 horas, no cemitério da Vitória.



quarta-feira, 22 de julho de 2015



Encontro com João Eurico Matta


                               Por Cyro de Mattos


Conheci João Eurico Matta na  Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, nos idos de 1958.  O ingresso como calouro naquela faculdade  não me dava condição para  me aproximar daquele acadêmico veterano com feição de professor,  admirado pelos alunos antigos e novos por suas maneiras elegantes, seu saber, cursando os últimos anos.  Propiciava, assim, que eu admirasse  o mito, cuja inteligência e cultura   passavam  firmeza nas ideias aos outros colegas de sua geração.  Uma  energia de seu  espírito comprometido com a cultura, apreendida através de  procedimentos investigativos e interpretativos na leitura da vida.       
Na Faculdade de Direito foi diretor da revista Ângulos, do Centro Acadêmico Rui Barbosa, órgão representativo dos alunos. Teve atuação exemplar. Fui, na época, secretário de imprensa e editor do jornal A Palavra, do Centro Acadêmico Rui Barbosa.  A revista fora fundada   por  Adalmir da Cunha Miranda, em 1950. Veículo de teor jurídico e cultural tornara-se em pouco tempo muito comentada por sua importância nos meios intelectuais de Salvador,  Contemplou em suas páginas  textos dos professores Antonio Luís Machado Neto,  Marcelo Duarte, Edivaldo Boaventura,  poeta Florisvaldo Mattos, cineasta Glauber Rocha, acadêmicos de direito Joaci Goes, Davi Sales,  Nemésio Sales,  Noenio Spínola, João Ubaldo Ribeiro, Ildásio Tavares  e outros alunos com destaque naquela gloriosa  Faculdade de Direito.
Graduado em Direito, com sólida formação, a legítima vocação para o ensino universitário iria  aprofundar-se   adiante através de conhecimentos de filosofia, sociologia, literatura e outros ramos das ciências humanas para que hoje, do  alto de seus oitenta anos,  a estrada se tornasse comprida, larga nas conquistas de uma paisagem feita de saber para saber, saber para ser, saber para poder ser. Uma paisagem fecunda em sua praxis e repercussão  nos meios universitários e intelectuais da Bahia.  Chega aos cumes  quando o seu viajante  é reconhecido como Professor Emérito da Universidade Federal da  Bahia..
O currículo é invejável, intocável, na área do ensino universitário.
O encontro agora é de afetividades e felicitações, não cabe relatar os pontos elevados do percurso, levaria tempo. Quem está aqui é o jovem recém ingresso na Faculdade de Direito,  que passou logo a admirá-lo, naqueles idos universitários de saudosa memória,  aos quais  o tempo se encarregou de esfumar,  como faz em  tudo no mistério da vida.
           Tornei-me com a passagem dos anos  ainda mais admirador desse intelectual oitentão, de acumuladas juventudes.
Contente acabo de chegar de Itabuna, minha cidade. Como representante, também, do Pen Clube do Brasil, o tempo disse que eu estivesse aqui nesse encontro com uma criatura rara. Nesse momento de afetividade, felicitações que são dadas no entrelaço da vida ao  estimado oitentão. A Bahia agradece por tudo que  fez   na área do ensino universitário  e na progressão da nossa cultura. Como autêntico agente formador de gerações e liderança de qualidade.

(Fala pronunciada  no almoço de adesão em homenagem aos 80 anos do  doutor professor João Eurico Matta, membro da Academia de Letras da Bahia, no Restaurante do Yacht Clube da Bahia, Salvador, em 16.06.2015) .


segunda-feira, 20 de julho de 2015



Outros Poemas da Cidade Antiga

Por Cyro de Mattos

I

Soneto do Campo da Desportiva

De zinco era coberta a arquibancada,
A cancha tinha um piso esburacado.
Nem um pouco essa chuva demorada
Conseguia deixar desanimado

O torcedor, que curtia a jogada
Do seu ídolo na bola passada.
Dos pés a mágica mostrava  ser
Tudo um sonho para nunca esquecer.

O gol de placa do atacante quando
A partida já chegava ao final
E a marca da seleção que venceu 

Tantas vezes o intermunicipal
Seguiram-me na torcida de meu
Time pelos estádios do mundo.   







II


Soneto de Itabuna

Encontro-me no verde de teus anos,
Como sonho menino nos outeiros,
Afoitas minhas mãos de cata-vento
Desfraldando estandartes nessas ruas.

São meus todos esses frutos maduros:
Jaca, cacau, mamão, sapoti, manga.
E esta canção que trago na capanga
É o vento soprando nos quintais.

Quem me fez estilingue tão certeiro
Nos verões das caçadas ideais?
Quem nesse chão me plantou com raízes

Fundas até que me dispersem ventos
Da saudade e solidão? Ó  poema!
Ó recantos! Ó águas do meu rio!














       III                                      



                                             Soneto de Carnaval


                                                   Pelo salão com a espada de pau,
        O olho tapado na cara de mau
                                              E a cigana que finge ser real
        O seu primeiro amor no carnaval.

                                              Agora estão  na praça principal
                                              Afoxés* e batucadas da nau,
        Teu  tempo de confetes, serpentinas
        E a lança que perfuma em cada esquina.

                               Era um grande barulho que fazias
        Na vida cheia de cores e alegrias,    
                                                         Com o preto, branco, rico, pobre. Ó meu

                                                         Marujo, de lá pra cá, sei dizer
                                                        Que noutra  onda rolou o mundo teu
                                                        E, na orla, nunca soubeste o porquê.